
Terminei a leitura do seu romance. Li-o devagar ou antes, li-lhe devagar. Não por falta de curiosidade, mas para não perder nada. O Historiador delicia-se com a reconstituição séria de um cenário e de personagens que, se não existiram todas, podiam ser tão reais como as que o foram. E depois, descobre-se o que está para lá de tudo o que ficou escrito pelos observadores, e que poderia ter sido escrito pelos actores. Este halo envolve-nos, até nos fazer acreditar, e se acreditamos estamos convertidos.
MARIA EMÍUA MADEIRA SANTOS
Historiadora
Este romance exemplar leva-nos a uma das fronteiras iniciais da angolanidade literária, nos finais do século XIX. É a rigorosa pesquisa histórica em que assenta que origina a larga galeria de personagens, reais e fictícias, e legitima a escrita envolta em um certo ar-de-época. O talento do autor se expressa quer no recorte angolano das interferências do quimbundo quer numa narração por vezes subtilmente queirosiana. Arnaldo Santos escreveu, assim, o romance que a sociedade angolana dos finais do século XIX exigia.
LUANDlNO VIEIRA
A Casa Velha das Margens é um notável exemplo de ficção histórica na literatura angolana contemporânea. Sem se colocar como narrativa de reprodução absoluta da experiência nacional propõe um fascinante exercício de leitura patrimonial. Esse património, de base multidiscursiva, é instaurado por via de formas inéditas e surpreendentes de disseminação linguística, espacial e simbólica. Relexifica-se neste romance a história por via de uma cartografia de múltiplas oncologias. Trata-se de mais uma obra de Arnaldo Santos que contribui activamente para a reescrita da pós-colonialidade através da exposição de sujeitos em trânsito, lugares em mudança, discursos dinâmicos. São romances como este que nos fazem reavaliar a teoria e a conformidade do discurso crítico.
ANA MARIA MÃO DE FERRO MARTINHO
Professora de Estudos Africanos, Universidade Nova de Lisboa
Author | Arnaldo Santos |
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Publisher | Chá de Caxinde |
Edition no. | 2 |
Year of publication | 2010 |
Page numbers | 372 |
Format | Livro capa mole |
Language | Portuguese |
ISBN | n.a. |
Country of Origin | Angola |
Dimension [cm] | 22 x 15 x 2,4 |
About the Author | Arnaldo Santos Prémio Nacional de Cultura e Artes de 2004, Arnaldo Santos nasceu em Luanda a 14 de Março de 1935. No conjunto da sua rica bibliografia, passa, segundo a opinião da Dra. Ana Maria Mão de Ferro Martinho, prefaciadora desta obra,...”o que na literatura angolana permite definir um Realismo Africano de matriz original, em tudo distinto dos Realismos Europeu ou Americano”. Para além do presente trabalho que sai em 3ª Edição, destacamos o romance A Casa Velha das Margens, título com que a Editora Chá de Caxinde iniciou a sua actividade. Com Tempo de Munhungo, um livro de crónicas, conquistou em 1968, em plena época colonial, o prémio Mota Veiga. O Vento que Desorienta o Caçador é o seu último romance. Poeta e Cronista, Arnaldo Santos é membro fundador da União dos Escritores Angolanos |
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